Eles
escolheram o mês dos namorados para celebrar o casamento, como se
quisessem eternizar essa condição.
A
casa que ocuparam, novinha em folha, mas incompleta quanto ao
mobiliário, correspondia bem com a nova fase daquele amor que ainda
tinha tanto a alcançar.
Foi
um início difícil, muito mais pela despedida de pessoas queridas
que pelos ajustes diários e tão necessários na vida a dois. Dois
meses após o matrimônio, ela perdeu a avó, e dias antes das suas
bodas de papel, perdeu o pai, marcando aquela data e o seu coração
para sempre. E o tempo seguiu implacável...
Eles
viajaram, mudaram de emprego e investiram em formação profissional.
Até que no segundo ano de casados, constataram que a casa estava
ampla demais, e decidiram acrescentar ao currículo o grau de pais.
Deus
enviou generosamente uma criança linda e saudável, que apertou
ainda mais aquele laço de amor. E eles decolaram juntos na viagem de
criação da filha com o entusiasmo de quem se depara com as
novidades de um lugar totalmente maravilhoso e inexplorado.
No
meio do percurso, logo a turbulência começou a aparecer...O arsenal
de apetrechos e sentimentos que acompanham a chegada de um bebê
desorganizou a casa, ocupou o carro e roubou o vigor do
relacionamento.
Os
dois brigaram muito, mas teimaram e não deram a permissão requerida
pelos desentendimentos para o fim da união. Amando, aprenderam
empiricamente que a euforia infantil dos primeiros passos poderia
ceder lugar a um caminhar menos impulsivo e mais consciente e seguro.
Foi quando finalmente deixaram de engatinhar e aprenderam a andar!
Lá
pelas bodas de açúcar, a família voltou a aumentar. Outra menina,
bem pequenininha, chegou apressada, antes da hora, sorrindo do
desespero dos pais assustados pela surpresa da prematuridade. Veio de
modo solícito atender a urgência divina em completar aquela
família, e carinhosamente preencheu todos os espaços ainda vazios
naquele lar.
Hoje,
marido e mulher estão empenhados no compromisso de manter um enlace
maleável e flexível, protegido da corrosão e ferrugem dos anos
passados, em consonância com as bodas de estanho e zinco que se
aproximam...
"Eu sou sua menina, viu? E ele é o meu rapaz
Meu corpo é testemunha do bem que ele me faz."
O meu amor, Chico Buarque
Lindo texto como sempre!
ResponderExcluirSempre emocionante...
ResponderExcluirCasamento lindo,cheio de desafios vencidos e muita esperança. É a minha menina! Sim!
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