segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Desabafo

           A infância silenciosa e solitária de filha única infelizmente não lhe rendeu a escrita poética de Cecília. Tampouco permitiu o extremo oposto, a atitude aguerrida em favor da causa feminista como tão bem faz Martha Medeiros.
          Segue ali, vivendo seus papéis de mulher, filha, esposa e mãe, passeando entre a lucidez e fortaleza de Clarice e a doçura que carregam as lembranças de outros tempos, como páginas preenchidas por Cora.
           O som do violão é refrigério da alma em dias tensos e ajuda na reaproximação às coisas simples, embora jamais consiga viajar para dentro de si tão completamente como Quintana.
      Romântica, partidária do amor, a exemplo de Vinícius e Drummond, não consegue concebê-lo sem uma parcela de pesar e sofrimento.
           Em tempos de tantos delírios e ilusões em massa, encontra no humor ácido e na crítica social de Rodrigues a identificação com alguém que sente o desajuste de viver em uma época de aparências e valores frágeis.
        Segue esperançosa, disposta a lutar por melhores dias, pois, ao contrário do que pensam, são os contidos, e não os ousados, que pagam com a vida...A vida deixada para trás...

“Baby, baby, não adianta chamar, quando alguém está perdido procurando se encontrar. Baby, baby, não vale a pena esperar, oh não, tire isso da cabeça, ponha o resto no lugar...” Rita Lee.

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